Estudantes de Geociências da Universidade de Campinas (Unicamp), Brasil, discutem cobertura favorável à privatização da educação superior na imprensa brasileira
Fonte: Neociências Unicamp – Greve 2014
No último domingo (8/6/2014) o jornal O Globo, lançou na sua versão online um editorial em que demonstra a verdadeira opinião da grande mídia brasileira em relação às universidades PÚBLICAS paulistas – juntando-se à Folha de São Paulo e Estadão, que há semanas vêm deliberadamente reforçando esta mesma ideia.
Dando ênfase ao caso da USP, a Folha sugere que as universidades levantem verbas por conta própria (ou seria por conta dos alunos?), a partir de cobrança de mensalidades, pois, segundo o jornal, a gratuidade favorece as elites e estas podem pagar pelo produto, transformando assim a universidade em um mercado.
De modo deplorável, ignora-se completamente o fato que, se a universidade é elitista, então o processo de seleção através de Vestibular – principal ferramenta de elitização – é o que deve ser combatido. Sem falar da negligência ao remontante processo de massacre da educação básica pública em todo o Estado de São Paulo.
Esta “sugestão” da grande mídia não vem em hora despropositada. A USP declara que se encontra no vermelho, gastando 105% de seu orçamento com folha de pagamento, por conta disso, os reitores das 3 universidades paulistas (USP, UNICAMP, UNESP – no Cruesp) decidem congelar os salários de todos os trabalhadores (funcionários docentes e não docentes) provocando um grande movimento grevista destes e dos alunos.
Entretanto, não são apontados os motivos dessa “crise”, as contas não são demonstradas com transparência e os super salários (incluindo reitores) também não são explicados.
Desde 1955, as três estaduais dividem 9,57% do ICMS arrecadado, sendo que de lá para cá, houve aumento significativo de vagas em sala de aula de graduação, pós-graduação e outras atividades, contudo, sucessivamente os governos tucanos se negam a aumentar a alíquota, ou seja, há uma deliberada intenção em privar e prejudicar as instituições PÚBLICAS.
Além desse fator central, não há nenhuma explicação porquê se gastou milhões de reais na aquisição de uma terreno com solo contaminado para construção do campus da USP Leste, tampouco sobre os motivos que levaram a UNICAMP desembolsar tão rápida e facilmente, R$ 172 milhões na compra da Fazenda Argentina, (cujos proprietários são notórios doadores de campanhas do PSDB) fazendo dobrar a área da Unicamp de modo quase sigiloso e nos momentos finais da gestão do reitor anterior.
Precarizar para privatizar toma sua forma hoje, clara, deliberada e transparente [ao contrário das contas das Universidades] nesse momento!
Por isso temos que fazer ecoar em uníssono nossas vozes :
NÃO ao projeto de PRIVATIZAÇÃO do ensino superior público !
NÃO ao arrocho salarial que desconta nos trabalhadores a gestão irresponsável !
Movimento de Mobilização e Greve do Instituto de Geociências.
Universidade Estadual de Campinas . Junho, 2014.